Qual o papel da Escala de Glasgow dentro do trauma

Qual o papel da Escala de Glasgow dentro do trauma?

A escala de Glasgow é a ferramenta mais indicada para medir o grau de consciência de um paciente, após o mesmo sofrer algum tipo de trauma. Tanto sua correta aplicação como, também, a interpretação correta dos resultados podem revelar possíveis danos e orientar que tipo de abordagem deve ser usada com aquele paciente. 

Por meio desta escala e sua interpretação, é possível verificar de maneira rápida e prática qual o nível de consciência do indivíduo, além de apresentar uma perspectiva ampla e relativamente precisa dos possíveis danos neurológicos causados pelo traumatismo. Sem dúvida alguma, o conhecimento da escala deve estar presente em qualquer profissional da área da saúde, sobretudo dos que podem lidar com emergências do tipo. 

O que é a Escala de Glasgow?

Por definição, a escala de Glasgow é um recurso utilizado por profissionais da saúde para medir o estado de consciência de pessoas que sofreram algum tipo de trauma. Por meio dele, é possível identificar até que ponto a consciência do indivíduo foi afetada, como interpretar os sinais e mensurar que danos o trauma pode ter causado. 

O que é a Escala de Glasgow
Fonte/Reprodução: original

Esta escala funciona em forma de índice, onde seus testes e aplicações formam pontos. Entre os fatores pontuados, estão as respostas do paciente que sofreu o trauma a certos estímulos realizados pelo médico. O resultado desta soma significa o estado de consciência do indivíduo, que pode variar entre: 

  • Leve;
  • Moderada;
  • Grave;
  • Coma. 

No último estado fica claro que o paciente não responde aos estímulos e testes aplicados pelo profissional da saúde. Com o resultado em mãos, toda a equipe tem um caminho importante para definir qual o grau da urgência e a melhor forma de tratar aquele indivíduo, além do entendimento sobre os possíveis danos causados pelo trauma. 

Breve história da Escala de Glasgow

A Universidade de Glasgow realizou a publicação original da escala em 1974 sob o nome dos neurocirurgiões Graham Teasdale e Bryan Jennett, ambos professores da Universidade. Ao seu lançamento, foi considerada uma revolução na forma de como estudar e entender o coma e os traumatismos em geral. 

Entre uma das principais razões por trás da escala de Glasgow estaria a sistematização do atendimento a pacientes que sofreram um traumatismo craniano encefálico. Até hoje, este é um recurso importante dado a incidência de TCE e sua gravidade. Só no Brasil, de 2008 até 2019 ocorreram 131.014,83 internações por traumatismo craniano

Hoje, quase 50 anos depois da escala ser publicada, ainda é amplamente utilizada em atendimentos e hospitais no mundo todo. Em 2018, um novo item foi adicionado à escala original, que agora conta com a reatividade pupilar – o que já foi integrado como parte do atendimento em diversas áreas da saúde. 

Qual a importância e o papel da Escala no trauma?

Existe uma importância ímpar na escala de Glasgow em definir o grau de um traumatismo craniano e o nível de consciência dos pacientes devido a sua maneira prática e eficiente. Essa escala faz parte do ATLS e, com ela, é possível entender como o organismo e as faculdades neurológicas do indivíduo foram atingidos com o trauma. 

Este instrumento importante está por trás de milhões de atendimentos ao redor do mundo, presente sempre quando há algum tipo de traumatismo. É um dos exames mais necessários e, até mesmo, um dos primeiros a serem realizados em um paciente nestas condições na emergência. Os resultados da escala são fundamentais para o encaminhamento do indivíduo e os primeiros atendimentos. 

Critérios da Escala de Glasgow

Existem critérios essenciais, que são as atividades do paciente presentes na escala de Glasgow que servem para somar os pontos que definem o resultado da sua aplicação. Estes critérios são os medidores do estado de consciência do indivíduo e os danos causados pelo traumatismo craniano. 

Dentro desses critérios, o médico ou profissional da saúde deve administrar os testes necessários que tentam estimular e obter as respostas associadas a cada critério. Sem eles, é impossível entender como a escala de Glasgow funciona, portanto, aprenda cada um deles abaixo.  

Reatividade Pupilar

O mais novo critério adicionado à escala foi a reatividade pupilar, ele mede as funções do organismo autônomo e como o cérebro está ativo para realizá-las. Para medi-la é necessário expor a pupila à luz, onde ela reage de acordo com os estímulos controlados pelo profissional da saúde. 

Uma vez exposta à luz, a pupila reage de maneira automática e seus resultados são integrados no resultado final da escala. Existem aqui pelo menos 3 possibilidades, onde a pupila não reage, onde ambos os lados reagem ou, então, apenas um dos lados.

Abertura ocular

É preciso diferenciar a reatividade da pupila, que se refere a como a pupila reage à luz de maneira automática, com a abertura ocular. Esta abertura mede como o todo o campo visual do paciente reage ao ambiente, se ele abre os olhos quando está em contato com certos estímulos. 

Neste caso, o profissional da saúde tenta pelo menos três formas de estimular a abertura dos olhos: pelo comando por voz, por meio de dor ou se acontece de forma espontânea. Há a possibilidade do paciente simplesmente não abrir o olho. 

Resposta Verbal

A resposta verbal é um dos três componentes originais da escala de Glasgow, onde o paciente é analisado e o profissional verifica se o mesmo responde verbalmente e como o faz. Neste caso a resposta verbal pode ser natural, confusa, com palavras impróprias ou por meio de sons incompreensíveis. 

Resposta Motora

E por fim temos a resposta motora, que é muito importante para a análise e um dos critérios que mais oferece pontos. Esta resposta pode vir de diversas formas, por meio de ordens, com o paciente localizando ou afastando a dor, em flexão ou extensão e, ainda, há a possibilidade de não reagir de modo algum. 

Como calcular e interpretar o resultado da Escala?

Para analisar a escala de Glasgow, é necessário aplicar os testes e anotar como o paciente reagiu a todos os estímulos. Há um número imenso de variações e para auxiliar o profissional e qualquer um que aplique a escala, o instrumento oferece uma tabela de resultados para entender o estado do paciente. 

Como calcular e interpretar o resultado da Escala
Fonte/Reprodução: original

Nesta tabela, estão definidos todos os critérios de avaliação do trauma neurológico, assim como suas variáveis. Após somar os pontos obtidos através das reações, é possível conferir o resultado da escala. 

Critérios da escalaVariáveisPontuação



Abertura Ocular
Espontânea+4 pontos
Com comando verbal+3 pontos
Dor+2 pontos
Não abre os olhos+1 ponto




Resposta Verbal
Orientado+5 pontos
Confuso+4 pontos
Palavras inapropriadas+3 pontos
Sons incompreensíveis+2 pontos
Sem resposta verbal+1 ponto




Resposta Motora
Obedece aos comandos+6 pontos
Localiza a dor+5 pontos
Responde à dor+4 pontos
Flexão à dor+3 pontos
Extensão à dor+2 pontos
Sem resposta motora+1 ponto


Reatividade pupilar
Nenhuma reação-2 pontos
Reação unilateral-1 ponto
Reação bilateral0 pontos
Pontuação de 13 a 15 pontosTrauma leve
Pontuação de 9 a 12 pontosTrauma moderado
Pontuação de 3 a 8 pontosTrauma grave
Menos de 3 pontosComa

Esta é a tabela da escala de Glasgow e todos seus significados! Deste modo é possível que o profissional da saúde entenda como está o seu paciente e quais desafios enfrenta no momento após o traumatismo craniano. Informações essenciais para seu atendimento. 

Muitos cirurgiões bucomaxilofaciais podem ter que lidar com esta situação em suas emergências ou em politraumas, quando há fraturas em face, por exemplo. Neste caso, o conhecimento da escala se faz necessário, assim como outros associados à área da saúde, que você pode aprender com o RevisaBuco, em nosso curso com turma aberta para 2024!