A biópsia está presente na prática clínica de muitos cirurgiões-dentistas, especialmente dos estomatologistas e da cirurgia bucomaxilofacial. Em muitas ocasiões, o profissional observa a presença de lesões em cavidade oral, que necessitam de um correto diagnóstico e manejo para seu tratamento.
Diante a presença da lesão, é necessária sua remoção parcial ou total para ser feita a correta análise histopatológica e, posteriormente, o seu diagnóstico. Para isso, é realizada uma biópsia do tecido que envolve a lesão.
É de extrema importância que o profissional da Odontologia saiba o que é a biópsia, assim como também conheça suas indicações, os seus tipos e esteja ciente de como realizar o procedimento sem nenhuma intercorrência transoperatória. Além disso, esse é um assunto bastante recorrente nas provas de residência para a Cirurgia Bucomaxilofacial.
O que é Biópsia?
Em qualquer área da saúde em sua amplitude, tanto na medicina como na odontologia, encontram-se diversos exames complementares que auxiliam no diagnóstico das mais diferentes doenças e lesões. Muitos profissionais lançam mão dessas diferentes ferramentas para oferecer um diagnóstico preciso e seguro ao seu paciente, junto de um plano de tratamento eficaz.
Diante desse leque de exames complementares, se tem a biópsia, que consiste na retirada total ou de apenas uma parcela da lesão para fornecer um diagnóstico preciso desta. Muitas vezes, essa prática também é considerada um tratamento, dependendo da lesão presente na cavidade oral.
Posteriormente, essa porção removida através da biópsia será analisada no laboratório pelo patologista, para que o mesmo emita um laudo diagnóstico. Seu objetivo principal é esclarecer qual é a lesão presente e garantir que o devido tratamento seja realizado.
Quais são os tipos de biópsia?
Há diversas indicações para a realização de uma biópsia, assim como também há três principais tipos. Cada um deles é indicado para determinadas lesões e suas características. São elas:
Biópsia Excisional
A biópsia excisional é definida como a retirada por completo da lesão. Além dela, também é removida uma porção de tecido normal, considerado, como uma margem de segurança para o correto diagnóstico.
Em sua forma excisional, a biópsia tem validade tanto como material para diagnóstico da lesão quanto como forma de tratamento. Afinal, é realizada a remoção completa do material.
Esse tipo de biópsia está indicado para lesões que tenham menos de 1 cm em seu maior diâmetro e que não tenham nenhuma característica de malignidade. Junto da lesão, cerca de 2 a 3 mm de tecido sadio que circunda a patologia é removido.
Biópsia Incisional
Já na biópsia incisional, remove-se apenas uma porção da lesão. Normalmente, é indicada a retirada de 5 mm do fragmento, tanto em seu diâmetro como em sua profundidade. É importante também que uma porção do tecido normal seja removida, para aprofundar melhor o diagnóstico da condição.
Ela é recomendada em lesões muito extensas e que não possam ser removidas em sua totalidade pela biópsia excisional. Também é indicada em casos nos quais a lesão apresenta suspeita de malignidade.
Quando há suspeita de que a lesão é maligna, indica-se a remoção pelas áreas que sangram, de superfície ulcerada, com sintomatologia dolorosa ou endurecidas. Lembrando que, junto destas, também se remove uma porção de tecido sadio.
Biópsia por Punção
Por fim, a biópsia aspirativa ou por punção é realizada em lesões que contenham conteúdo líquido ou uma substância que seja parcialmente mole em seu interior. Geralmente, é realizada em cistos e em tumores, tanto em tecidos moles como nos intraósseos.
Para realizar a biópsia por punção, é necessária uma seringa e uma agulha que tenha um calibre grosso.
Indicações da Biópsia
A biópsia é um procedimento realizado como tratamento ou para efetivar um diagnóstico, a respeito de determinada lesão. Há certas indicações para que ela seja realizada na prática clínica pelo cirurgião-dentista. São elas:
- lesões que persistam por mais de 14 dias, ulceradas e com suspeita de malignidade;
- lesões de origem inflamatória que não respondem a nenhum tratamento por mais de 14 dias;
- lesões esbranquiçadas ou avermelhadas que não sejam removidas por raspagem;
- lesões tumorais de grande extensão em tecido mole;
- lesões que interferem na normalidade.
No geral, todas as lesões orais e maxilofaciais são tratadas conforme o seu diagnóstico. A biópsia deve sempre ser realizada perante as suas indicações, em que o tipo escolhido é determinado referente a lesão.
Há contraindicações para a biópsia?
De uma forma direta, não há nenhuma contraindicação para a realização de uma biópsia. Entretanto, há certas situações nas quais deve-se tomar um maior cuidado na hora de realizar tal procedimento.
O primeiro passo em qualquer consulta odontológica é realizar uma anamnese de excelência. Assim, é possível compreender o estado de saúde geral do paciente. Essa etapa é de grande importância, principalmente, porque quaisquer procedimentos cirúrgicos podem desestabilizar o paciente e provocar um desequilíbrio metabólico.
Após isso, é necessário tomar uma certa cautela com o tipo de lesão que será abordada. Lesões pigmentadas, muitas das vezes, podem ser confundidas com algo simples enquanto, na verdade, pode ser um caso de melanoma, cuja biópsia excisional é essencial para o diagnóstico.
Enquanto isso, lesões vasculares, como o hemangioma, dispensam a realização da biópsia. Uma vez que estas podem provocar sangramento em excesso e causar diferentes complicações trans operatórias.
Por fim, lesões cujo diagnóstico pode ser puramente clínico, como as causadas por herpes, descartam a realização da biópsia.
Qual a importância da biópsia na Bucomaxilofacial?
A biópsia é um procedimento de grande relevância dentro da clínica odontológica. Muitos pensam que a biópsia é realizada apenas em lesões que possam ser malignas, como o carcinoma. Entretanto, esse procedimento deve ser realizado sempre que recomendado, em especial para descartar quaisquer diagnósticos hipotéticos.
A grande importância da biópsia está na capacidade de se ter um diagnóstico preciso, de acordo com a amostra coletada. Com o correto diagnóstico, é possível realizar o devido manejo e tratamento da lesão.
Passo a passo da biópsia
Assim que é realizada a anamnese do paciente e observada a lesão em sua cavidade oral, caso ela siga os devidos critérios de indicação para a realização do procedimento, a biópsia deverá ser feita. Os passos para fazer esse procedimento são:
Biossegurança
Antes de tudo, é necessário preparar o campo cirúrgico estéril segundo as normas de biossegurança. Além disso, o cirurgião deve estar utilizando todos os EPIs necessários para garantir segurança do paciente.
Anestesia
A anestesia deve ser realizada em um local distante da lesão que será removida. Pois, o anestésico poderá alterar a estrutura da lesão e prejudicar seu diagnóstico.
Remoção da lesão
Com isso, é realizada a biópsia da lesão, manipulando o tecido com cuidado e evitando quaisquer traumas nele. Nessa etapa, é importante coletar a quantidade certa da lesão e do tecido sadio.
Armazenamento e envio da amostra
A lesão deve ser armazenada da forma correta em um fixador, que geralmente é o formol a 10%. O frasco deve ser identificado com as informações do paciente. Seu envio precisa ser feito com a ficha histopatológica correspondente, preenchida pelo CD.
Orientações ao paciente
O paciente deverá ser orientado em relação ao procedimento, conforme o pós-operatório. Pode ser receitado um analgésico para a dor na região e ele deverá ser instruído a manter uma boa higienização nesta.
Quais instrumentais são necessários para a biópsia?
Uma biópsia é um procedimento bem simples de ser realizado no consultório odontológico. Para isso, basta apenas uma lâmina de bisturi número 15, cabo de bisturi, tesoura, porta-agulha, pinça anatômica e um fio de sutura, de preferência Seda 3-0, para reaproximar as bordas após a remoção.
Caso seja realizada uma biópsia por punção aspirativa, é necessária uma seringa e uma agulha de alto calibre para a coleta do material.
A biópsia é um procedimento de grande importância dentro da odontologia. Através dela, é possível diagnosticar e tratar as mais diversas patologias orais e maxilofaciais. Por isso, todo cirurgião-dentista deve ter conhecimento a respeito de sua realização ou, ao menos, saber quando indicar ao especialista.