Uma grande parcela da população apresenta o que chamamos de disfunção temporomandibular, e muitos nem sabem que tem ou o que isso significa.
Dores na hora de abrir e de fechar a boca, problemas na hora de mastigar alimentos que estão presentes em nossa rotina, zumbidos nos ouvidos, dores de cabeça, estalos na articulação temporomandibular, ou até mesmo a sensação de que a boca está travando são sinais clássicos da disfunção temporomandibular!
Pois bem, e com toda a certeza você já sentiu algum desses sintomas alguma vez na vida, não é mesmo? Ou então, conhece alguém que possivelmente já sentiu algo semelhante. É, isso se trata da disfunção temporomandibular.
A articulação temporomandibular é uma peça anatômica extremamente importante para a nossa cavidade oral, afinal, ela é responsável por movimentar a mandíbula e fazer com que ela siga com a sua fisiologia normal.
Entretanto, a disfunção temporomandibular está bem mais presente ao redor do mundo do que nós gostaríamos! Diversos dados estatísticos apontam que 40% da população brasileira apresenta sintomas de DTM, além de que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos pacientes acometidos por essa condição são do sexo feminino.
Por estar extremamente prevalente na população brasileira, por diversos motivos que vão além dos dentários, se torna de grande importância que o estudante de odontologia e o cirurgião-dentista conheçam sobre a disfunção temporomandibular e sobre a articulação.
E é justamente por conta disso que separamos as principais informações a respeito do tema. Quer finalmente entender o que é a disfunção temporomandibular e quais são suas causas e sintomas? Então embarque em nosso texto e saiba tudo sobre um dos principais temas da cirurgia bucomaxilofacial!
O que é a disfunção temporomandibular?
Por definição, a disfunção temporomandibular (também conhecida como DTM), é resumida como um conjunto de diferentes alterações problemáticas que afetam a articulação temporomandibular.
Ou seja, a disfunção temporomandibular nada mais é do que quando a articulação com o mesmo nome, não está funcionando da forma adequada e apresenta sinais clínicos a respeito.
Geralmente, notamos a disfunção temporomandibular quando observamos que há um problema responsável por impedir que a articulação cumpra a sua função fisiológica e que afete todo o sistema estomatognático, irradiando para os músculos mastigatórios, ossos da região e para os ligamentos da articulação.
Diante de muitos sinais e sintomas, a principal característica que faz com que o paciente saiba o que sente se trata de uma disfunção temporomandibular é a presença de estalos, com a sensação de que a mandíbula está solta e que trava quando vai realizar sua função.
Como funciona a disfunção temporomandibular?
A disfunção temporomandibular apresenta inúmeros fatores de risco e diferentes etiologias, assim como os mais variados sintomas em sua região. Um indivíduo pode apresentar disfunção temporomandibular por conta de histórico familiar, etiologias dentárias, psicológicos como estresse ou depressão e até mesmo hormonais.
Seus sinais e sintomas surgem das mais diferentes formas e, por muitas vezes, podem confundir o paciente sobre o que ele está sentindo e se é, no caso, se trata ou não da disfunção temporomandibular propriamente dita.
E o diagnóstico da disfunção temporomandibular se torna muito difícil justamente por conta disso. Os sinais e os sintomas da condição estão também relacionados com diversos outros problemas encontrados na cavidade oral e na face, de uma forma geral.
Geralmente, os sintomas da disfunção temporomandibular envolvem dores de cabeça, zumbidos ou dores no ouvido, sensação de pressão e dor por trás dos olhos, estalos ao abrir e fechar a boca, sensação de que a mandíbula está solta, dor ao abrir e ao fechar a boca, dores durante a mastigação, travamento ou luxação da mandíbula, diferença na oclusão dentária e sensação de flacidez nos músculos mastigatórios.
Por conta dessa vasta gama de sinais e sintomas, o diagnóstico precisa ser feito com cuidado e de forma precisa. Para diagnosticar uma disfunção temporomandibular, devemos coletar um histórico familiar do paciente, assim como detalhes de como começaram os sintomas, quando e como está sendo sua evolução.
No fim, realizamos um exame clínico minucioso das articulações temporomandibulares e da oclusão do paciente, para identificar a presença da disfunção temporomandibular, assim como sua etiologia principal.
O que causa a disfunção temporomandibular?
Muito ainda se debate em diversos estudos sobre o que causa a disfunção temporomandibular e o porquê ela é mais prevalente em indivíduos do sexo feminino do que nos homens.
Não só isso, como também é uma tarefa bem complexa conseguir identificar a principal causa da disfunção temporomandibular no paciente. Diante dos dados, as principais causas desse problema estão relacionados diretamente com:
- Desgaste do disco articular por envelhecimento, traumas ou outros impactos;
- Artrite ou artrose na articulação temporomandibular;
- Bruxismo, o ato de ranger os dentes;
- Estresse no dia-a-dia;
- Tensão nos músculos da mastigação;
- Extração de terceiros molares.
E, por ter relação direta com a articulação dentária, a disfunção temporomandibular também pode estar relacionada com problemas na oclusão dentária, ausência de alguns elementos dentários e próteses que estejam desgastadas com o tempo ou, apenas, mal-adaptadas.
Já sobre a maior prevalência em pacientes do sexo feminino, estudos demonstram que o índice de estrogênio presente no organismo aumenta a inflamação e a percepção da dor em pacientes com disfunção temporomandibular, o que justifica a taxa de 80% dos casos acometerem as mulheres.
Onde fica a temporomandibular?
A articulação temporomandibular, também conhecida de forma resumida como ATM, é considerada uma das articulações mais complexas presentes ao longo do nosso corpo. Ela se localiza entre a mandíbula e a maxila, sendo a responsável por unir o osso mandibular com o restante dos ossos presentes no nosso crânio e por mover a mandíbula para a frente, para trás, e para os lados direito e esquerdo.
Caso você queira localizar a articulação temporomandibular no seu rosto, é bem simples: basta posicionar o seu dedo indicador na região logo a frente das orelhas externas. Quando você fizer os movimentos de abertura e de fechamento da mandíbula, irá sentir a articulação se mover bem no centro do seu dedo. É o disco articular atuando para que a mandíbula consiga se mover adequadamente.
Por curiosidade, quando apresentamos uma disfunção temporomandibular, podemos sentir esse disco travando ou fazendo estalos bem alto quando realizamos esses dois movimentos de abertura e de fechamento. E quando falamos que a articulação temporomandibular é uma das mais complexas do corpo, não é exagero!
Além de ser responsável por abrir e fechar a boca, que consequentemente a torna responsável por ações fundamentais na vida de alguém como se alimentar ou beber água, ela também é uma articulação interligada.
Mas, como assim? Quando decidimos movimentar a articulação direita, a esquerda também se move. No geral, ambas funcionam de forma simultânea para realizar os seus movimentos.
E não para por aí! A ATM também se relaciona diretamente com a gonfose, a articulação dos dentes, e por isso a disfunção temporomandibular pode ser causada também por diversas etiologias dentárias.
A anatomia da articulação temporomandibular, assim como suas relações com as estruturas adjacentes, além de ser extremamente complexa é encantadora e, com certeza, merece a atenção e o estudo de todo cirurgião-dentista, especialmente aqueles que desejam trilhar o caminho da cirurgia oral e bucomaxilofacial.
É comum ou não?
Infelizmente, a disfunção temporomandibular é uma condição bastante prevalente dentro da população brasileira. É considerada, inclusive, a etiologia mais comum de dor em face que não seja de origem dentária. Estima-se que cerca de 40% a 75% da população apresenta algum sinal e que outra parte, cerca de 33%, evolua para sintomas da disfunção.
Por isso, precisamos sempre nos atentar aos sinais e realizar o diagnóstico o mais rápido possível. O tratamento da disfunção temporomandibular é feito através do uso de fármacos para controle da dor, relaxantes musculares ou sedativos, por fisioterapia ou pelo uso de placas. Quando nenhum destes funcionam, é hora de cogitar uma cirurgia de articulação feita pelo cirurgião bucomaxilofacial.
É importante que o cirurgião-dentista saiba diagnosticar a disfunção temporomandibular, assim como encaminhar para o especialista em dor orofacial ou para o cirurgião bucomaxilofacial para dar sequência ao seu tratamento. Por ser comum na população, devemos sempre prestar atenção na presença de sinais e sintomas e saber como lidar com eles na clínica.