A ortodontia, sem sombra de dúvidas, é uma das especialidades mais conhecidas na Odontologia. Não só isso, como sua associação com a Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial — em especial para as cirurgias ortognáticas — são bastante cobradas em provas de residência ao redor do Brasil.
É muito importante reconhecer o quanto as duas especialidades andam juntas. Uma vez que o ortodontista é o responsável por realizar o exame clínico, avaliar os exames complementares de imagem e diagnosticar se há ou não a necessidade de intervenção cirúrgica através da cirurgia ortognática.
Ou seja, a união da ortodontia com a bucomaxilofacial é a chave para o sucesso de qualquer tratamento ortodôntico. Especialmente, quando feito com uma boa comunicação e sintonia de ambas as partes. Por meio do diagnóstico e da análise da oclusão, ambas se sintonizam e procuram entender como trazer o melhor resultado estético e funcionam para o paciente.
Por conta disso, a ortodontia se torna uma especialidade essencial para atuar em conjunto com a Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.
O que é ortodontia?
Ela é definida como a especialidade responsável por corrigir o posicionamento dos elementos dentários, de suas arcadas e dos ossos maxilares, por meio de aparelhos fixos ou móveis e técnicas de remodelamento.
Ou seja, todos os elementos dentários que estiverem em posição inadequada, assim como os ossos maxilares, serão reposicionados acerca de um tratamento planejado entre o ortodontista. E, em casos que necessite de intervenção cirúrgica, o cirurgião bucomaxilofacial.
Um tratamento ortodôntico é de grande importância, tanto no aspecto funcional como, também, estético do paciente. Os dentes mal posicionados, por exemplo, podem dificultar a limpeza dos elementos dentários e ocasionar doenças periodontais ou lesões por cárie, assim como a maloclusão pode forçar ainda mais os músculos da mastigação e as articulações temporomandibulares (ATM), causando sobrecarga e problemas nessas estruturas.
Para que serve a ortodontia?
O uso de aparelho ortodôntico ou a realização da cirurgia ortognática tem como principal objetivo promover o correto alinhamento entre os arcos dentários e o posicionamento funcional e estético dos elementos dentários. Dessa forma a oclusão é mantida dentro dos padrões de normalidade sem promover nenhum dano as alterações adjacentes, como a articulação temporomandibular.
Muitas vezes, é necessário alinhar o uso de aparelhos ortodônticos com procedimentos cirúrgicos dentro da bucomaxilofacial, no que é chamado de tratamento orto-cirúrgico. No geral, a ortodontia é indicada no caso de diagnóstico e para a resolução das seguintes condições:
- Sobremordida;
- Mordida cruzada anterior ou posterior;
- Mordida aberta;
- Apinhamento dentário;
- Desvio da linha média;
- Fechamento de diastema.
Para isso, o cirurgião-dentista responsável pelo tratamento realiza uma série de exames clínicos e complementares para saber se o paciente irá se beneficiar ou não com o tratamento na ortodontia.
Quando tudo isso é feito, realiza-se um plano de tratamento que visa estética em conjunto com a funcionalidade do sistema estomatognático, garantindo qualidade de vida ao paciente.
Quais tratamentos abrangem a ortodontia?
Quando se fala de ortodontia tradicional, os tratamentos que envolvem tal especialidade são realizados através do uso de aparelhos que podem ser tanto fixos como removíveis. Esses aparatos da Odontologia são métodos eficazes que atuam diretamente na movimentação dentária e na expansão dos ossos maxilares.
Cada aparelho presente na ortodontia é selecionado de acordo com o diagnóstico e com o tipo de condição encontrada no paciente. Os principais aparelhos utilizados na odontologia são:
- Aparelho fixo: o mais tradicional, composto pelos braquetes e pelo fio de aço. Conectado com os braquetes, cada um colado em um único dente, o fio de aço é devidamente apertado e estimula o dente para se alinhar de forma correta no arco;
- Aparelho móvel: muito utilizado previamente ou após o tratamento ortodôntico, para prevenir falhas ou eventuais recidivas da condição. Como exemplo, temos: expansores palatinos, niveladores, contentores e dentre outros;
- Mantenedores de espaço fixos: é um protetor de espaço, muito utilizado quando um dente decíduo sofre uma perda precoce, para proteger o espaço protético para a erupção do permanente adjacente.
Há, ainda, uma nova tendência surgindo no mercado conhecida como alinhadores. Esse modelo de aparelho ortodôntico fica promover a movimentação dentária por meio de placas transparentes, estéticas, trocadas em diferentes etapas do tratamento na ortodontia, conforme os elementos dentários do paciente sofrem a sua movimentação.
Ou seja, os alinhadores utilizam uma tecnologia que substitui os aparelhos fixos convencionais com braquetes e fios de aço, adotando o uso de placas quase imperceptíveis no dia a dia. Através de um programa em 3D, todo o processo é detalhado e planejado desde o seu início até o seu término.
Quais são os tipos de ortodontia?
Como já citado anteriormente, a especialidade tem a missão de tornar os elementos dentários alinhados entre si e em perfeita harmonia com sua arcada antagonista. Dessa forma, mantendo uma oclusão em níveis de normalidade perante a teoria. Para isso, há três tipos específicos de ortodontia:
- Ortodontia preventiva: busca evitar quaisquer complicações futuras diante de um tratamento ortodôntico;
- Ortodontia interceptiva: atua dentro de uma condição que já está diagnóstica e presente intraoralmente;
- Ortodontia corretiva: feita quando é necessário corrigir quaisquer maloclusões ou apinhamentos dentários já existentes.
Através dos diferentes modelos de aparelhos ortodônticos existentes dentro da prática na especialidade, é possível atingir o tão desejado resultado. Cada condição irá determinar previamente o tipo de aparelho que deve ser confeccionado para o paciente.
Classificação de Angle: Qual o seu papel na ortodontia?
A classificação de Angle é o método clássico (e bastante cobrado nas provas de residência) para avaliar como é a oclusão de um paciente. Através de tal classificação, é possível determinar o encaixe dos elementos superiores com os inferiores, ou seja, quando estão bem encaixados, são considerados normais. No entanto, quando em desencaixe, diagnostica-se uma maloclusão presente.
Como consequência, esse desencaixe pode trazer efeitos negativos para a fonética do paciente, sua mastigação e para a estética. Para determinar o grau dessa maloclusão, se utiliza a classificação de Angle, que conta com três classes distintas, sendo elas:
- Classe I, neutroclusão: quando os primeiros molares superiores e inferiores se encontram devidamente encaixados, apenas problemas localizados como apinhamentos dentários, diastemas ou mordida aberta;
- Classe II, distoclusão: dividida em dois, onde a primeira divisão ocorre quando os incisivos estão mais anteriores (overjet), e a segunda com sobremordida exagerada e incisivos com vestibularização acentuada;
- Classe III, mesioclusão: paciente se apresenta com prognatismo mandibular, o que promove a mordida cruzada.
Diante dessa classificação, bastante simplificada e bem eficaz, é possível dar ao paciente um diagnóstico preciso e rápido, de forma bem didática. No entanto, vale ressaltar que a classificação de Angle não considera nenhuma alteração óssea ou muscular, apenas a relação dentária em si.
Qual a relação entre a ortodontia e a cirurgia ortognática?
Em muitos casos, apenas o tratamento com aparelho fixo ou móvel não é o suficiente na ortodontia para estabelecer a correta estética e funcionalidade ao paciente. Logo, ocorre a união entre o ortodontista e o cirurgião bucomaxilofacial, dentro de uma prática orto-cirúrgica, que permite a correta movimentação dos maxilares e dos elementos dentários.
O ortodontista, então, utiliza a ação dos aparelhos para movimentar os elementos dentários dentro dos seus respectivos ossos alveolares, enquanto o cirurgião bucomaxilofacial pode movimentar as bases ósseas maxilares e mandibulares através da cirurgia ortognática. Em determinadas vezes, é possível realizar o planejamento ortodôntico prévio ao momento da cirurgia, finalizando sua movimentação posteriormente.
Por fim, o cirurgião bucomaxilofacial também pode auxiliar na ortodontia através da remoção de determinados elementos dentários. Assim como exposição de dentes inclusos para tracionamento, exodontia de supranumerários, dentre outros procedimentos.
Benefício antecipado: o que é?
Normalmente, é feita a utilização de aparelhos ortodônticos antes da cirurgia ortognática para movimentar os elementos dentários para ser feito o devido reposicionamento da maxila e da mandíbula. No entanto, com o benefício antecipado, isso muda: a cirurgia ortognática é realizada previamente ao uso de aparelhos ortodônticos.
Essa prática é muito indicada para pacientes com acentuado prognatismo ou retrognatismo, resultando em uma grande assimetria de face. Com isso, cada caso deve ser avaliado individualmente para obter os melhores resultados.
A ortodontia é uma área fundamental na promoção do bem-estar dentro da Odontologia e, com a cirurgia bucomaxilofacial, é possível atingir excelentes resultados estéticos e funcionais ao paciente. É importante reconhecer o valor dessa área, assim como também compreender os principais pontos que poderão cair nas provas de residência.