Dentro da rotina clínica e hospitalar da Bucomaxilofacial, os cistos na odontologia são bem comuns – especialmente quando relacionados aos terceiros molares inclusos ou a elementos dentários com lesões endodônticas. No entanto, não só é muito visto na clínica, como também é um assunto bastante cobrado nas provas para a residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.
Não só os cistos na odontologia são bastante cobrados como, também, os tumores maxilofaciais se tornam bem presentes nos mais variados editais ao redor do Brasil. Por conta disso, conhecer a definição dessas lesões maxilofaciais, bem como suas classificações, características e saber os principais que acometem a mandíbula e a maxila, são fundamentais na prática clínica e na hora de realizar sua prova.
O que são os cistos?
Por definição acadêmica, os cistos na odontologia são lesões descritas como cavidades ou cápsulas patológicas recobertas por tecido epitelial e que possuem em seu interior conteúdo líquido, fluido ou semi-líquido. Por conta de seu tecido de recobrimento, sua cápsula pode ser bem resistente e, ainda, pode crescer com o passar do tempo.
A sua evolução é silenciosa, ou seja, sem nenhum sintoma provocado pelo próprio cisto ou por sua extensão. Dessa forma, é assintomático e o seu crescimento pode ser lento, além de provocar danos como consequência dessa evolução, por exemplo, a perda dos elementos dentários envolvidos na região acometida pelo cisto.
Justamente por ser indolor, não é possível identificar inicialmente quando o cisto na odontologia surge. No geral, seu diagnóstico é feito através de consultas e exames de rotina, assim como também por meio da radiografia panorâmica, na qual se observa a localização e a extensão da lesão, assim como os elementos dentários envolvidos.
Ainda, vale lembrar que os cistos na odontologia podem ser tanto intra-ósseos como, também, extra-ósseos. Com a sua evolução, pode ser que haja aumento de volume em face ou intra-oral e, caso haja uma infecção secundária, o cisto apresenta dor como sintoma principal – sendo, assim, esses os sinais para diagnóstico, quando presentes.
Qual a classificação de cistos na Odontologia?
Cada cisto na odontologia possui suas particularidades como, por exemplo, sua natureza e a forma na qual surge em boca. Ou seja, os cistos podem se desenvolver por meio da proliferação de determinados restos de tecidos embrionários responsáveis por formarem os dentes e as estruturas da cavidade oral, assim como também podem ser resultados de lesões inflamatórias que acometem o dente, como muitas outras causas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já divulgou diversos relatórios a respeito das classificações dos cistos na odontologia. O mais recente foi lançado em 2022 e conta com alterações significativas para esse grupo de lesões que podem afetar o complexo maxilofacial.
Em 2017, os cistos na odontologia eram classificados conforme a sua causa, em dois grupos distintos que são: cistos inflamatórios e de desenvolvimento. Ainda, também eram agrupados em cistos odontogênicos e não-odontogênicos, de acordo com a origem do epitélio que recobre sua cápsula.
- Cistos Inflamatórios: quando é causado por processo inflamatório;
- Cistos de Desenvolvimento: quando se desenvolve sem ter inflamação prévia;
- Cistos Odontogênicos: tecido epitelial com origem em restos de tecidos embriológicos da odontogênese;
- Cistos não-odontogênicos: epitélio de revestimento não se origina de tecidos embriológicos da odontogênese.
Já em 2022, a nova classificação decidiu alterar esses agrupamentos separados pela sua etiologia ou pela natureza do epitélio. Até a presente data, os cistos na odontologia agora são classificados apenas como ‘’cistos maxilares’’, todos agrupados em uma única família.
Quais são os principais tipos de cistos na Odontologia?
Dentre os temas de Patologia Oral e Maxilofacial cobrados nas provas de residência, é muito comum a presença de questões que abordam os tipos de cistos na odontologia – junto com os tumores, inclusive. Por conta disso, é de grande importância se manter atento e atualizado em relação às principais características dos cistos.
E não apenas estão presentes nas provas para concursos, como os cistos na Odontologia também podem ser observados com frequência na rotina clínica, seja ela ambulatorial ou, então, hospitalar. Por isso, separamos as lesões mais comuns desse grupo dentro da clínica odontológica – saiba quais são:
Cisto dentígero
Geralmente associado aos terceiros molares inclusos ou semi-inclusos, o cisto dentígero representa 20% de todas as lesões encontradas no complexo maxilofacial. Ele é uma lesão originária do folículo dentário desse elemento e envolve a coroa do dente já desenvolvido, com crescimento lento e assintomático.
No entanto, sua presença e o seu desenvolvimento pode causar reabsorção dentária do elemento adjacente ou do próprio osso. Seu diagnóstico ocorre pela radiografia, na qual observamos a lesão ao redor da coroa, com coloração radiolúcida. O seu tratamento, no geral, é junto com a remoção do elemento dentário acometido.
Cisto de Erupção
O cisto de erupção é conhecido por ser uma variante do dentígero, no entanto, enquanto o dentígero acomete dentes inclusos e já permanentes, o de erupção ocorre apenas nos dentes decíduos ainda em processo de erupção. Ele se encontra localizado entre a coroa do dente de leite e a gengiva, e apresenta uma coloração mais arroxeada e impede a erupção do elemento dentário.
Cisto Periapical
Diante do grupo de cistos na odontologia, o cisto periapical é um dos mais comuns e presentes dentro da cavidade oral. Ele surge bem na região do ápice radicular do dente, ou seja, na ponta da raiz como uma forma de resposta ao canal do dente após sofrer sua necrose.
Por conta disso, é importante que a polpa necrosada seja imediatamente tratada após o seu diagnóstico. O desenvolvimento do cisto periapical pode causar a destruição óssea da região radicular, assim como também a reabsorção da raiz do dente, o que pode causar a sua perda precoce.
Por ser uma condição sem quaisquer sintomas, ele é diagnosticado através da radiografia periapical ou na panorâmica, através de sua imagem radiolúcida associada à raiz do dente. O tratamento envolve a obturação daquele canal para que a lesão regride completamente.
Queratocisto Odontogênico
O queratocisto odontogênico é considerado um dos cistos na odontologia mais agressivos, muito comum em região posterior de mandíbula. Essa lesão surge através de células embriogênicas responsáveis pela formação dentária e pode se desenvolver rapidamente, expandindo o seu tamanho e destruindo todo o tecido ósseo próximo ao local de origem.
Ele é característico por conter em seu interior conteúdo semifluido semelhante à cera de vela, com coloração amarelada. Geralmente, é realizada a punção da lesão antes do seu tratamento para verificar o que está em seu interior.
Características radiográficas dos cistos
No geral, os cistos na odontologia são assintomáticos e diagnosticados em consultas de rotina – principalmente, através de radiografias quando são intraósseos. Nesses casos, é possível verificar lesões radiolúcidas localizadas na mandíbula ou na maxila, associadas ou não aos dentes.
Quando se encontram em estágios mais avançados de seu desenvolvimento, os cistos na odontologia podem apresentar determinados sintomas, como, por exemplo, dores na região ou aumento de volume. Por isso, é importante manter consultas regulares com o cirurgião-dentista.
Possíveis tratamentos para Cistos na Odontologia
Após o diagnóstico, é realizado o planejamento para tratar os cistos na odontologia de forma cirúrgica. Dependendo do tamanho da lesão, é realizada sua remoção completa por meio da biópsia excisional em conjunto com o elemento dentário acometido ou não.
Caso seja um cisto expansivo, como é o caso do queratocisto odontogênico, a remoção da lesão em conjunto com parte do osso é fundamental para evitar sua recidiva. Cada um dos cistos na odontologia apresentam o seu tratamento específico, e é dever do cirurgião-dentista saber como lidar em cada caso.
Os cistos na odontologia são bem comuns na prática da Cirurgia Bucomaxilofacial, assim como também é um assunto recorrente nas provas da residência. Aprenda mais temas de Patologia Oral e Maxilofacial em nosso módulo do RevisaBuco, com inscrições para a lista de espera na turma de 2024!