A anestesia na Odontologia é uma parte fundamental antes de qualquer procedimento que possa causar dor ao paciente. Especialmente, nos que envolvem etapas cirúrgicas, ou seja, faz parte da rotina de qualquer hospital com Cirurgiões Bucomaxilofaciais, de consultórios e clínicas. Graças ao anestésico local, é possível fazer atendimentos e tratamentos que, até então, traziam grande dor ao paciente.
O início da prática odontológica sob anestesia vem lá de 1844, quando o Dr. Horace Wells utilizou a técnica de óxido nitroso para realizar a sedação de seu paciente durante uma exodontia. É claro que, por ter sido a primeira vez e sem total conhecimento a respeito dos seus riscos, houveram algumas complicações.
Dois anos depois, o Dr. William Morton anestesiou seu paciente com Éter e obteve excelentes resultados em suas cirurgias. A anestesia na Odontologia como conhecemos hoje, feita de forma local, surgiu em 1860, logo, teve inúmeras evoluções tanto em sua técnica como nos anestésicos locais empregados.
Com isso, atualmente, a anestesia na Odontologia conta com um leque variado de técnicas que possibilitam com que inúmeros nervos da face percam sua sensibilidade temporariamente para que os procedimentos sejam realizados. Assim há várias opções de anestésicos com vasoconstritores que podem ser utilizados de acordo com cada caso.
O que é a anestesia na Odontologia?
Por definição, a anestesia na Odontologia se trata de um bloqueio temporário e reversível da sensibilidade ou, então, condução nervosa de um determinado nervo — feito através de uma técnica específica voltada para o nervo e para a região desejada. Nesse caso, por se tratar de uma anestesia local, sua ação ocorre apenas nas áreas que o nervo é responsável por garantir sensibilidade.
A indicação para o uso de anestesia na Odontologia, dentro de forma local, varia conforme o procedimento, com a sensibilidade e a necessidade do paciente diante do mesmo. No geral, é recomendado que se faça a anestesia local em procedimentos mais invasivos e que possam incomodar o paciente como exodontias, instrumentação e obturação de canais, raspagens ou, até mesmo, restaurações que sejam mais extensas.
Como funciona a anestesia local?
Quando aplicada próxima ao nervo desejado, a anestesia na Odontologia promove o bloqueio de todos os impulsos nervosos conduzidos por aquele nervo específico e responsáveis pela sensação de dor. Tudo isso é feito graças ao anestésico local, selecionado pelo cirurgião conforme o caso de cada paciente.
Com esse bloqueio, o paciente fica sem sentir dor ou alguma sensação negativa durante o procedimento, seja ele cirúrgico ou não. O tipo infiltrativo é a anestesia na Odontologia mais utilizada, porque os elementos dentários apresentam inervações em sua raiz. Com isso, a anestesia dada no topo desse elemento é de grande eficácia para tornar a região anestesiada e dar sequência ao procedimento.
Quais são os tipos de anestesia na Odontologia?
Por mais que a anestesia local seja a mais utilizada na Odontologia, isso não significa que ela seja a única existente para procedimentos odontológicos. Com a evolução da anestesia na Odontologia, é possível observar que existem diferentes tipos, assim como de técnicas para anestesia local e de anestésicos — cada uma selecionada de acordo com o caso e com o seu paciente.
Cada procedimento poderá exigir um tipo de anestesia diferente. Enquanto atendimentos ambulatoriais, como exodontias ou implantes, podem ser realizados por meio da anestesia local, outros procedimentos bucomaxilofaciais como reduções de fratura em face ou ortognáticas necessitam de anestesia geral.
Por conta disso, é essencial não só reconhecer os diferentes tipos como, também, suas técnicas, indicações e como escolher cada uma delas. Diante disso, os três principais tipos de anestesia na Odontologia são:
Anestesia local
Diante dos vários modos de anestesia na Odontologia, a local é a mais observada no dia a dia clínico e ambulatorial. Esse tipo de anestesia é empregado por meio de várias técnicas cujo objetivo é depositar o sal anestésico na região próxima ao nervo, permitindo sua dessensibilização, tais como a técnica da tuberosidade alta, o bloqueio do nervo alveolar inferior e muito mais.
Nesse caso, a anestesia dura cerca de 30 minutos a até 1 hora, dependendo do anestésico local selecionado, e ocorre apenas na região onde o sal é depositado. Ou seja, a anestesia acomete apenas a área e as estruturas específicas inervadas pelo nervo, sem que o paciente perca a consciência.
Geralmente, ela é indicada para extrações dentárias, cirurgias protéticas, endodontias, dentre outros procedimentos que envolvam manipulação de tecido oral.
Anestesia geral
Se diferenciando do local, a anestesia geral é quando o paciente se encontra desacordado e sem sensibilidade em nenhuma região do corpo. Nesse caso, ele perde não só a capacidade de sentir dor como, também, os seus reflexos motores. Dessa forma, o paciente passa pela cirurgia sem sentir nenhum desconforto.
A anestesia geral é um dos tipos de anestesia na Odontologia que é indicado conforme a duração do procedimento e do paciente. No geral, é recomendado que seja feita em cirurgias bucomaxilofaciais como ortognáticas, drenagens de abscessos em centro cirúrgico, exodontia de terceiros molares mais complexos e em ambiente hospitalar, e muitos outros.
Sedação
Por fim, outra forma de controlar a ansiedade e proporcionar um atendimento mais tranquilo ao paciente está na sedação a qual pode ser feita por via oral, através de medicamentos como os benzodiazepínicos ou por via inalatória pelo óxido nitroso. Ele não só relaxa o paciente como, também, atua como coadjuvante no trans-operatório.
Cuidados na anestesia local
Assim como qualquer procedimento médico ou odontológico, a anestesia na Odontologia também necessita de cuidados. Afinal, o anestésico local é um fármaco e caso usado em excesso pode provocar consequências — em especial se o paciente tiver alguma comorbidade como hipertensão arterial sistêmica.
Além disso, é necessário um conhecimento anatômico preciso na hora de introduzir a agulha próximo ao nervo, uma vez que pode lesionar outras estruturas próximas. De uma forma geral, os principais cuidados que se deve ter na anestesia local são:
- Avaliar bem a ficha do paciente, sua anamnese e informações como idade, peso, estado de saúde geral e se há ou não alergia a medicamentos;
- Observar bem o paciente em relação ao seu medo de agulhas ou nervosismo pelo procedimento;
- Uso correto dos equipamentos, como a carpule e a agulha;
- Duração do anestésico local.
Todos esses cuidados são importantes para evitar quaisquer urgências trans-operatórias ou complicações em decorrência da anestesia. É sempre importante conhecer bem os anestésicos empregados, assim como a técnica e o seu paciente.
Principais anestésicos e vasoconstritores utilizados na Odontologia
Há um leque de anestésicos locais empregados na Odontologia atualmente, cada um deles com suas especificações técnicas em relação a indicações, dosagem, dentre outras características que as tornam únicas.
No geral, elas se dividem em duas classes: amidas e ésteres. No entanto, apenas as amidas são utilizadas na rotina clínica. Dentre elas, podemos citar:
- Articaína;
- Bupivacaína;
- Prilocaína;
- Lidocaína;
- Mepivacaína.
Já os vasoconstritores são coadjuvantes da anestesia na Odontologia, uma vez que são adicionados ao tubete anestésico e utilizados para auxiliar na contração dos vasos sanguíneos e evitar maiores sangramentos durante o procedimento cirúrgico. Os principais vasoconstritores existentes na literatura são:
- Epinefrina;
- Felipressina;
- Noradrenalina;
- Fenilefrina.
Além de atuar no controle do sangramento local, os vasoconstritores também prolongam a duração do procedimento e aumentam a duração do efeito anestésico.
No entanto, é bom prestar atenção na quantidade empregada, assim como nos valores tanto do anestésico como do vasoconstritor, para ser feito o devido cálculo, especialmente nas questões para a residência.
Fatores para escolher a anestesia na Odontologia
Conhecer bem os sais anestésicos, vasoconstritores e as técnicas empregadas para anestesia na Odontologia são fundamentais para um procedimento seguro e eficaz.
No entanto, é preciso ressaltar que há diversos fatores para escolher o tipo de anestésico e anestesia que será utilizada baseado principalmente na anamnese do paciente e no procedimento a ser realizado. Confira os principais:
- Estado de saúde do paciente;
- Tempo de duração do procedimento;
- Possibilidade de automutilação no pós-operatório, principalmente em crianças e idosos;
- Intensidade da dor pós-operatória;
- Idade do paciente.
Juntando esses critérios com os devidos cuidados na hora da anestesia, é possível obter uma prática segura e um procedimento sem nenhuma complicação. Vale lembrar que é importante escolher o anestésico baseado em suas características e nos critérios clínicos do paciente.
A anestesia na Odontologia é fundamental para o início de qualquer procedimento dentro da Bucomaxilofacial, especialmente para inibir a sensação de dor do paciente no transoperatório. Além disso, é um tema recorrente nas provas de residência, e reconhecer os tipos de anestésicos locais, técnicas anestésicas e cálculos são fundamentais para uma boa nota.